10/02/11

Haverá maquinação?

Anjos, 07.02.2011

Chiado, 07.02.2011
Esta semana a agência Moody's, respeitável avaliadora internacional que deu 3 AAA (pontuação máxima de segurança e confiança) a todos os pacotes de investimento que deram origem à crise económica mundial e que depois da eleição de Cavaco Silva pensou «ora aqui está um medroso porreiro que não nos vai dar problemas e ficou seguro no poleiro, toca a baixar o ranking de Portugal e subir as taxas de juro da dívida pública» – a Moddy's, dizia eu, atribuiu ao Metro de Lisboa a pontuação máxima de interesse turístico mundial, tomando por base de cálculo o grande fluxo de montanhistas e desportistas radicais a esta conhecida estância de fitness.
De repente ocorreu-me uma coisa óbvia, que eu devia ter percebido há mais de 6 meses:
Sempre que uma empresa pública, ou uma empresa privada de utilidade eminentemente pública, começa a praticar actos administrativos absolutamente disparatados (por missão ou omissão), é porque uma maquinação financeira maquiavélica está em curso. Foi exactamente assim que muitas empresas foram privatizadas, encerradas ou retiradas do campo da utilidade pública.
Que maquinação poderá ser a da administração do Metro?
Quanto vale um segurança totémico
desses que ficam hieraticamente indiferentes, a meio das escadas do Metro?
Tentei filmar um grupo de 6 seguranças agrupados em grande galhofa junto às cancelas automáticas do Chiado, mas não consegui. É que eles estão lá precisamente para não permitir o uso de câmaras no Metro.
No entanto o episódio fez-me pensar noutra coisa:
Seria interessante que a administração do Metro nos fornecesse uma folha de cálculo comparativo dos custos da empresa de segurança contratada (cujos efectivos aumentaram, aparentemente) e da manutenção das escadas rolantes, elevadores, bilheteiras automáticas e cancelas.
Sobe, sobe, bicicleta, vai dizer àquela administração...
Uma tarefa em falta
Retratar o sofrimento intenso de algumas pessoas nas escadas do Metro é tarefa para uma boa câmara de filmar, não para uma pobre câmara fotográfica como a minha.
Farei o possível por colmatar esta falha nas próximas semanas.
O Público de hoje
faz eco do estado degradado do Metro, acrescentando mais alguns dados esclarecedores. O artigo dá nota da condenação unânime dos autarcas lisboetas: «Não se sabe quantos deputados municipais de Lisboa usam o metro, mas todos condenam as avarias sucessivas nas escadas rolantes e elevadores de muitas das estações de metro.»

04/02/11

Cais do Sodré, 03.02.2011

É irritante a teimosia do Metro em vedar estas zonas tão agradáveis, não deixando os utentes refrescarem os pés e as crianças brincarem no lago enquanto esperam a chegada do metro.
Ficámos sem perceber se a barreira se deve a avaria no elevador ou à queda iminente do tecto.
Este clássico não saiu muito bem na fotografia. Peço desculpa pela avaria na minha câmara – também tenho direito a umas avariazinhas, ou não?

Seja como for, oportunidades de redenção com melhores fotos não faltarão – a avaria das bilheteiras automáticas é um ex-libris do Metro.

Chiado, 03.02.2011


Uma das causas da queda de rendimento dos ginásios em Lisboa resulta da concorrência desleal do Metro. Quem não tem dinheiro bastante para frequentar o ginásio e fazer caminhadas diárias pode juntar o útil ao agradável: viajar de transportes públicos e ao mesmo tempo exercitar as pernas e os glúteos.
As estações mais aconselhadas para o efeito são as do Chiado e Rato, entre outras.

Aí está uma porta que corre muito menos riscos de avaria do que a outra, automática. A gerência do Metro deveria substituir todas as cancelas automáticas por este simpático tipo de atendimento personalizado.

Mais abaixo encontrava-se um funcionário do Metro, daqueles que parecem totens estáticos ameaçadoramente semelhantes a polícias. Permanecem no seu posto indiferentemente a tudo, quais guardas da rainha, não se comovendo nem oferecendo préstimo a utentes coxos, turistas carregados de malas, pais e mães com carrinhos de bebé, idosos entrevados, etc.
O referido funcionário, inquirido pela autora da foto, responde assim: «Uns miúdos desligaram as escadas ainda há pouco [descarada mentira, ainda por cima] e eu não tenho vagar para ir lá ligá-las a todo o instante».
Começa a formar-se uma dúvida obtusa na minha cabeça: será que a generalidade dos prestadores de serviços em Portugal (sejam eles o funcionário do Metro, o da repartição de finanças ou a empregada de balcão da padaria da esquina) não conseguem formar a mínima ideia do que é uma troca de serviços e donde vem o dinheiro do salário?

Chiado, 22.01.2011

O cartaz, ainda há dias caído por terra, ressuscitou e encontra-se novamente de pé.
Dada a vetusta idade, apresenta já muitas marcas do tempo e assinaturas de quem por lá passou.
Como há sempre água a cair dentro do Metro, temos grandes esperanças de que esta placa venha um dia a cobrir-se de percebes e lapas. Abre-se assim uma nova era publicitária: «não vá ao ginásio – venha ao metro exercitar as pernas e comer marisco».

Lá em baixo, a frase mais poética de Lisboa permanece no seu posto:
E os idosos, mães com carrinhos de bebé, inválidos e demais pessoas com problemas de locomoção continuam a não beneficiar de descontos especiais no Metro – nem de elevadores, claro está:

Anjos, 22.01.2011

Tínhamos prometido uma imagem das obscuras cavernas dos Anjos.
Como se vê, o Metro contribui activamente para a poupança de energia, deixando morrer a iluminação paulatinamente, mês após mês.
É tão difícil distinguir entre o desleixo e a poupança de energia! Talvez porque a preguiça e o desleixo consistem precisamente numa poupança energética... Ou porque a escuridão nada permite distinguir.