19/01/11

Anjos, 2009-2010

Começo esta série com um fenómeno que durou mais de um ano.

o corrimão caído

A estação dos Anjos é um dos casos mais paradigmáticos do desleixo metropolitano.

Durante um ano e meio, um dos corrimãos da entrada sul permaneceu caído, meio atravessado nos degraus, como se aquele lugar fosse um baldio ao deus-dará.

Lá em baixo, o cais encontra-se à beira do negrume – as lâmpadas vão-se fundindo, uma a uma; ao longo de todo o cais, apenas resta uma aqui, outra ali. (Falta-nos acrescentar aqui uma fotografia desse lugar tristemente cinzento. Lá virá.)
Cá em cima as máquinas encontram-se a meia haste vitalícia. A cancela automática mais larga permanece sistematicamente avarida durante semanas a fio, por vezes meses.
A pobre da tabuleta que fornece ao passageiro desnorteado alguma esperança de alcançar o destino também se despenhou e adormeceu nessa posição durante umas semanitas.
É preciso acrescentar que esta zona, nos últimos 4 anos, passou a ser talvez a que mais abriga jovens utilizadores de bicicletas; entretanto, desde há 2 ou 3 anos, com a construção de numerosos hotéis ao longo da avenida, passa por aqui um rodopio constante de viajantes carregados de malões.
Ora a dita cancela é a única por onde uns e outros conseguiriam passar. Acrescente-se que a maioria destes estrangeiros não tem a tara de ir de carro para todo o lado, como nós; estão estranhamente convencidos de que os transportes públicos servem para... transportar o público; e que não são um favorzinho, mas sim um contrato mútuo de serviço honestamente prestado, contra o pagamento de uma tarifa.

 E por fim as bilheteiras automáticas. Sempre avariadas, na totalidade ou parcialmente.

Vai ser difícil manter este blog, dando conta diariamente do estado das coisas, sem dar a ideia de que estamos a usar sempre a mesma foto...
Neste caso, como em cerca de metade dos casos no Metro, o Multibanco está avariado.
A agravar este facto vem o «comedor» de notas, que geralmente não aceita algumas das notas correntes.
Em muitos casos o passageiro não pode pagar com multibanco, não pode pagar com a única nota que traz no bolso porque a máquina cospe-a, e se tiver a ideia (naturalíssima, diga-se) de entrar na carruagem sem bilhete corre sérios riscos de encontrar um fiscal com desconfiança a mais e inteligência a menos para lidar com o caso.

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